Carrapatos – Prevenção e tratamento
Os carrapatos são aracnídeos minúsculos (0,03mm) que se alimentam de sangue animal e facilmente passam desapercebidos pelos seus olhos (eles aumentam de tamanho conforme se alimentam, podendo chegar a 2cm). Eles ficam de espreita no mato e grama alta esperando algum animal passar por ali com a próxima refeição (pode ser você!). Eles gostam de locais escuros, aquecidos e úmidos como suas axilas, virilha e cabelo e uma vez presos ao seu corpo irão buscar esses redutos de tranquilidade. A transmissão de doenças ocorre pela saliva do animal, que deve estar preso ao corpo por pelo menos quatro horas antes que isso ocorra.
A época mais favorável à sua proliferação é no verão, mas no inverno é a época em que as formas jovens (e menores) do carrapato são predominantes. No Brasil, de forma geral, eles são mais incômodos do que preocupantes mas existe o risco sim de contrair doenças mais sérias, como a febre maculosa e a borreliose (Lymes disease), já identificadas na região sudeste do país. O índice de ocorrências sérias é baixo, mas podem levar a fatalidades ou sequelas mais sérias se não tratadas. Seguem algumas dicas de como evitar encontros com carrapatos e o que fazer caso você encontre um deles passeando pelo seu corpo.
Prevenção:
- Informe-se sobre a ocorrência de carrapatos na região na qual você irá correr;
- Evite sair da trilha e “rasgar mato”;
- Dê preferência a roupas claras, que ajudam a identificar os carrapatos;
- Dê preferência a legging/calça comprida colocando as meias por cima da calça e utilize camiseta de manga longa reduzindo a exposição da pele;
- Tome um banho e procure carrapatos pelo seu corpo imediatamente após a exposição (pode ser necessária a ajuda de um amigo) e nos dias subsequentes;
- Repelentes à base de DEET e icaridina são eficazes podem ser utilizados na pele e repelentes à base de permetrina podem ser utilizados na roupa.
Tratamento:
- Remova o carrapato pela cabeça, com uma pinça de ponta fina, o segurando pela cabeça e o afastando da sua pele até que ele se solte, sem espremer ou torcer;
- Não use álcool, chama ou sufoque o carrapato. Ele irá liberar uma maior quantidade de saliva, aumentando a possibilidade de contaminação.
Doenças provenientes da contaminação:
– Febre maculosa: apresenta sintomas genéricos como dor de cabeça, dor no corpo, febre alta, diarreia e pode ser confundida com outras condições. Sintomas se apresentam dentro de cerca de uma semana e muitos pacientes apresentam máculas (manchas vermelhas) pelo corpo. Se diagnosticada rapidamente pode ser facilmente tratada com antibióticos.
– Borreliose: os primeiros sintomas podem aparecer dentro de alguns dias e se assemelham aos da gripe, uma porcentagem dos pacientes apresenta manchas vermelhas migratórias (mudam de lugar) na pele; sintomas mais tardios podem envolver dores articulares e até envolver o sistema nervoso (casos mais raros). O tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível e ocorre com uso prolongado de antibióticos.
Como exames de laboratório podem demorar para confirmar as doenças, com os primeiros sintomas após a exposição a carrapatos é recomendável buscar atendimento médico para que exames possam ser realizados e o tratamento preventivo seja iniciado. Em todo caso, a melhor estratégia é adotar medidas para evitar ser mordido pelos bichinhos!
Bons treinos!
Samanta Chu
Representante no Brasil e instrutora da Wilderness Medical Associates International (WMAI Brasil), ministra cursos no Brasil e no exterior desde 2011. Possui formação de Técnico de Emergências Médicas para Áreas Remotas (WEMT – EUA), é membro benfeitor do Grupo de Resgate em Montanha (Joinville, SC) e guia profissional conduzindo grupos em atividades outdoor diversas desde 2007.
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